Nilton Gurman revela que família já espera por julgamento e pena em até sete anos
A morte do sobrinho, o administrador Vitor Gurman, de 24 anos, após ser atropelado por um jeep Land Rover em 2011 , na zona oeste de São Paulo, fez o arquiteto Nilton Gurman assumir o papel de porta-voz da família, que espera por Justiça há mais de dois anos, e encampar a luta por um trânsito menos violento. Ciente da possibilidade da nutricionista Gabriella Guerrero Pereira, que dirigia o carro, ser denunciada na próxima semana , ele falou com o R7.
Na opinião de Nilton, a demora para que um único laudo ficasse pronto mostra claramente como a Justiça no Brasil aumenta a sensação de impunidade para as famílias de vítimas de crimes de trânsito.
— A Justiça é muito lenta e ela ocorre de uma maneira que é até cruel para os familiares. Quase três anos já e ela (Gabriella) nem denunciada foi. A própria imprensa já denunciou que, mesmo sem carta (de motorista), ela continua dirigindo. É um desrespeito até ao luto da família.
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Com a comprovação por meio de perícia técnica de que a motorista estava embriagada e diria em velocidade incompatível com a rua na qual Vitor foi atropelado , por volta das 3h54 do dia 23 de julho de 2011, Nilton espera que a denúncia por parte da promotora Mildred Assis Gonzales, do Ministério Público de São Paulo, seja de homicídio doloso (quando o acusado assume o risco de matar), com possíveis agravantes. A pena pode variar entre oito e 30 anos de prisão. Ele descarta a tese de que o que ocorreu foi um acidente de trânsito.
— Acidente é tudo aquilo que não pode ser evitado. A pessoa dirigir embriagada, realizando racha, em excesso de velocidade, isso pode ser evitado e não é acidente. Isso é crime e tinha que ser julgado como tal.
Tal interpretação da família Gurman gerou os movimentos “Não Foi Acidente” e “Viva Vitão”, iniciativas lideradas por Nilton e pelo pai da vítima, Jairo Gurman. Eles acreditam que o julgamento de Gabriella possa demorar até sete anos para acontecer, uma vez que a Justiça oferece diversos recursos na fase de instrução (a que vem após a denúncia da Promotoria) em instâncias superiores. Mesmo com a demora, os familiares prometem aguardar por uma condenação.
— A gente espera que ela tenha uma pena exemplar, porque isso vai servir pra romper um paradigma no qual as pessoas falam costumeiramente “dane-se”, e essas pessoas precisam saber que elas assim tomam uma atitude que é entendida pela Justiça como crime, que pode produzir a morte ou uma lesão gravíssima contra alguém. Eu espero que a Gabriella responda pelo homicídio doloso, pela tentativa de homicídio do namorado, tendo ingerido álcool e dirigir em altíssima velocidade e que vá presa. Isso não vai trazer o meu sobrinho de volta, mas vai garantir que muitos outros tios não tenham que passar pelo que passo há três anos.
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Na próxima segunda-feira (7), Nilton Gurman deve se reunir com representantes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para sugerir que a velocidade durante a madrugada nas principais ruas e avenidas de São Paulo seja de 40 km/h. A sugestão já foi levada a vereadores da capital e vai de encontro com recentes incidentes de trânsito ocorridos na Grande SP entre a meia-noite e às 6 h.
— Se você pegar o número de mortes via (seguro) DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre ou por sua Carga a Pessoas Transportadas ou Não), o número de morte por hora é menor de madrugada, mas em números relativos é absurdo como o número de mortes cresce nessa faixa de horário, comparando com o dia. O que a gente está buscando é aumentar a segurança e entendemos que esses crimes que acontecem na madrugada podem ser evitados. Não precisaria de uma lei da Câmara (Municipal), mas sim de uma determinação da CET.
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Em Brasília, Nilton trabalha em parceria com a deputada federal Keiko Ota (PSB-SP) e outros movimentos para viabilizar um projeto de lei de iniciativa popular por medidas mais rigorosas às vítimas de acidente de trânsito. A PL 5568/2013 precisa de 1,3 milhão de assinaturas para ser aceita pela Câmara dos Deputados, mas já conta com relator designado e em breve pode ir a plenário.
— Esperamos que eles entendam que, primeiro, não se entenda álcool e direção como infração administrativa, mas sim como crime. Assim acaba essa discussão se é doloso ou culposo e se peça uma punição maior, de cinco a oito anos, pra não ser substituída nem por cesta básica, nem por serviços comunitários. A gente entende que essas são penas muito brandas para quem acaba com a vida de alguém.
Até o momento, mais de 950 mil assinaturas foram recolhidas, segundo Nilton. O tio de Vitor Gurman espera colher o número suficiente ainda esse ano, por meio do site www.naofoiacidente.org .
— A gente tem pedido para que as pessoas entrem em contato com os deputados e que assinem a petição, caso não tenha feito isso, para dar legitimidade para que os congressistas aprovem a lei, porque já é uma tristeza perder um familiar querido e você ainda ter que esperar sete, oito, nove, dez anos para ter um julgamento beira a insanidade. É uma segunda dor com a qual a gente tem que conviver. Por isso, a família está mobilizada em torno do movimento “Não foi Acidente”.
Relembre o caso:
“A Justiça é muito lenta e cruel com os familiares”, desabafa tio de Vitor Gurman
R7 – São Paulo
Thiago de Araújo, do R7
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“A Justiça é muito lenta e cruel com os familiares”, desabafa tio de Vitor Gurman

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